NEOARQUEO
11 março 2007
  A Filosofia das...pedras

O homem dá forma aos seus desejos, aos seus anseios, ao seu pensamento, à sua maneira de estar, às suas necessidades físicas e espirituais, em suma à sua cultura, no sentido antropológico do termo, através das mais diversas manifestações. A cultura do homem está, assim, presente em tudo que o rodeia, até porque é completamente difícil, para não dizer impossível, ao homem não agir e consequentemente transformar a Natureza. Em termos de pensamento somos levados a propôr, na lógica da estratificação e catalogação, que há coisas naturais e coisas artificiais, definidas da seguinte forma: artificiais, as feitas pelo homem, naturais feitas pela natureza, pelas plantas, pelos animais. Porém, o homem é um ser natural, à semelhança dos restantes seres, logo aquilo que ele faz também só pode ser natural, não sendo por isso artificial. Quero com isto dizer que o homem, na sua caminhada histórica, na sua vontade incontrolável de deixar a sua marca, a sua impressão digital, de dar voz e perpetuá-la na natureza foi-a povoando com obras naturais. Estas obras são o exemplo da unicidade entre Homem e Natureza. Deixo-vos um nicho, depositário de muitas preces, insculpido numa rocha no meio da aldeia de Janardo, na Serra do Caramulo. Nesta obra popular acumula-se uma imensidão cultural que nos liga à Natureza como se de um cordão umbilical se tratasse...
 
03 março 2007
  Sta Marinha romana (Santiago de Cassurrães)

A estrada municipal 1455 liga a localidade de Santiago de Cassurrães a Aldeia Nova, no concelho de Mangualde. Ao passar-se pela Capela de Nossa Senhora de Cervães, logo ao fundo da escadaria, está o que resta de uma via romana, hoje um caminho de terra batida, e, seguindo este traçado, lá mais adiante, a cerca de 1000 metros da Capela, à direita, surge-nos a estação arqueológica, espalhada pelos sucalcos de cultivo.
Aí apareceram, aquando da batida de campo que eu e Luís Filipe Gomes fizemos em 1985 para o "Levantamento Arqueológico do Concelho de Mangualde", diversos materiais que nos apontam a romanização de tal sítio: fragmentos de cerâmica e de construção ( tegulae, imbreces, tijoleiras, etc). Também detectámos fragmentos de cerâmica de uso doméstico, como Dolia, comun e fina. Porém, o interesse acentuou-se com o achado de um pedaço de terra sigillata (cerâmica fina de ir à mesa, correspondente ao que hoje seria uma baixela de luxo). Esta tipo de cerâmica caracteriza-se pela elegância formal das peças, é finamente decorada e chama-se sigillata pois tem o selo, a marca do oleiro. Achar cerâmica deste tipo é importantíssimo, pois permite datar com extrema segurança o sítio, dado o conhecimento exaustivo que existe sobre este material. Ora, o fragmento ali encontrado insere-se na classificação de : hispânica tardia, tratando-se de uma DRAG. 37 decorada com círculos concêntricos e datada do século IV/V d. C. Assim, este sítio arqueológico teve pelo menos ocupação nesta era, podendo a sua fundação ser mais antiga. Pertencentes a esta estação são os pedaços de duas colunas em granito e que se encontram hoje em exposição no adro da Igreja Paroquial de Santiago de Cassurrães. Estes restos de colunas assumem uma dimensão considerável, conforme se pode observar pela foto. Pela riqueza em e dos materias encontrados é natural estar-se perante um importante habitat romano. Como já referimos esta estação situa-se junto à via romana que, vinda de Cassurrães seguia para Abrunhosa-a-Velha, aliás ainda se pode observar um diminuto troço lageado.
 
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