NEOARQUEO
26 novembro 2006
  Ponte Romana
Os rios, hoje como outrora, dificultavam a passagem das gentes duma margem para a outra. Constituiram, durante séculos, barreiras naturais de afastamento de pessoas e culturas. Ao mesmo tempo funcionaram também como pólo atractor de populações, de aproximação, de meio de transporte. Ao longo do seu curso as populações foram fixando-se e formaram simples habitats, inicialmente familiares, mais tarde aldeias e em inúmeros casos de cidades e grandes cidades. O rio desempenha então um papel determinante do Devir Histórico. Mas, inevitavelmente as suas margens continuam a ter um papel de separação, pelo menos geográfica e físicamente. O homem desde cêdo criou estruturas que lhe permitiram a livre circulação entre elas: as pontes. Se hoje temos pontes de tamanhos desmesurados que são autênticos tributos ao génio humano, a Ponte Vasco da Gama, a 25 de Abril, por exemplo, não pudemos esquecer que exemplares em madeira foram os progenitores destas maravilhas da engenharia. Apresento-vos um humilde espécimen de uma velha ponte romana, em granito, que ajudou a transpôr com eficácia e durante séculos as margens de um pequeno rio em terras de Vila Nova de Foz Côa. Hoje está substituída por uma, mais larga e que satisfaz as necessidades das gentes actuais, mas que em termos de arquitectura fica a anos luz da vetusta romana, que teima em resistir, mesmo às águas fortes que por debaixo dela ainda vão passando.
 
14 novembro 2006
  A menina de Dikika...ou a infância da Humanidade...
Apenas por uma vez me detive neste blog para falar das Origens do Homem. Hoje trago a notícia, publicada no último número da National Geographic, sobre a descoberta fantástica no deserto de Afar, na Etiópia. Já sabíamos que o Continente africano era o berço da Humanidade: aqui foram descobertos os restos fósseis dos mais antigos Hominídeos. Quando em 1974 a descoberta da Lucy, o exemplar do Australopitecos Afarensis, (de Afar) trouxe á luz o incontestado bipedismo dos Hominídeos, e a diferença marcada entre estes e os macacos, estava-se longe de mais tarde se vir a encontrar um novo exemplar, da mesma espécie, mas ainda mais antigo e mais completo.
Se a Lucy era até agora o mais antigo elemento da caminhada evolutiva da Humanidade, com os seus 3,2 milhões de anos, a actual descoberta data de 3,3 milhões.
Foi recentemente que uma equipa de paleoantropólogos etíopes descobriu, na mesma região da Lucy, os restos fósseis de um bebé, fêmea, que morreu com cerca de 3 anos apenas. A Menina de Dikika, assim chamada dado o nome da região, transporta-nos, desta forma, para a alvorada da Humanidade…Os restos encontrados, nesta campanha do ano 2000, foram dedos das mãos, um pé, costelas e coluna vertebral, formando o tronco completo. Pelas análises e estudos altamente científicos depreende-se que a Menina de Dikika pertence já aos Hominídeos, e em conjunto com Lucy e o macho AL 444-2, ajudam a traçar um retrato fiel sobre as características dos Australopitecos. Agora podem ver-se as diferenças que existem entre estes e os macacos: se o crânio é parecido com o do chimpanzé, se o formato dos ombros faz lembrar o dos gorilas, o ângulo que é formado pelo fémur entre o joelho e a bacia é já idêntico ao do Homem moderno, atestando já a total postura bípede eficiente destas criaturas. Afirma-se uma vez mais com este bebé a erecção destes hominídeos. Os ossos do pé da menina de Dikika determina a inexistência de um polegar saliente e a ausência de curvatura, impedindo assim o agarrar. Pelo contrário este pé evidencia já a capacidade de sustentação e de impulso de todo o corpo, crucial para o acto de caminhar de forma erecta, libertando as mãos para outras tarefas.
É precisamente com a libertação das mãos que toda a revolução cerebral se processa: o crânio aumenta, para albergar um cérebro cada vez maior, dado que a mão vai utilizando objectos diversos. A mão, melhor: a sua libertação, é a grande responsável pela evolução cerebral e da inteligência da Humanidade.
Uma descoberta importantíssima nesta campanha foi o osso hióide, osso que mais tarde vem a desempenhar um papel crucial na fala humana.
A menina de Dikika, o mais antigo hominídeo morreu cedo, mas a sua curta vida trouxe á luz do dia explicações sobre milhões de anos de evolução.
A foto de cima foi reproduzida da revista citada.
 
08 novembro 2006
  Viseu...no século XIX

O homem desde sempre agiu na natureza transformando-a. Por vezes irremediavelmente. A intervenção do homem, sempre no sentido da satisfação das suas necessidades, básicas ou de carácter mais supérfluo, ou de adapatção às novas realidades, pautou-se sempre, ao longo da grande caminhada, velha já de milénios e milénios, por deixar marcas na paisagem. Estas marcas transfiguram esta paisagem. Onde outrora nada havia, ou a Natureza em estado bruto imperava, hoje podemos observar um arranha-céus, uma estrada, uma auto-estrada, um magnífico jardim, uma extraordinária e movimentada avenida de uma grande cidade.
Viseu, capital da Beira Alta, para quem ainda se recorda das antigas Províncias de Portugal, em poucos anos mudou por completo a feição do seu rosto. Basta ver os arredores, onde polulam edifícios, bairros novos, escolas, espaços verdes. Mas também no seu coração a mudança foi acontecendo. Convido os meus amigos leitores e comentaristas a visitar Viseu do Século XIX e a compará-la com a actualidade. Vejam os Paços do Concelho e o Rossio, outrora chamado de Passeio de D. Fernando. Que diferença...
 
03 novembro 2006
  Cova da Moira...Vila Nova de Espinho


As sepulturas escavadas na rocha são um dos testemunhos mais importantes da ocupação medieval dos territórios. Muitas vezes o único. Estes monumentos que se aceita serem da Alta Idade Média (séc VI a XI) são frequentes em toda a Beira Alta. Foi depois dos trabalhos de Alberto del Castillo que a problemática da cronologia deste tipo de sepulcros ficou definida. Para este autor existem grosso modo duas grandes fases de construção: séc VI a IX, onde predominam as sepulturas de tipologia oval e/ou rectangular. A fase mais tardia é típica do século X ao XI e está-se perante exemplares antropomórficos. É no século IX que se dá a transição da primeira para a segunda época, com o aparecimento da delimitação da cabeça. Hoje os trabalhos versando este tipo de arcazes inicidem sobretudo na aferição de formas de povoamento, da ocupação humana dos territórios, mentalidades e rituais funerários do homem alto-medievo.
Hoje gostaria de falar um pouco da sepultura que se encontra numa das vinhas da Quinta dos Carvalhais, da Sogrape, em Vila Nova de Espinho:
A estação é composta por uma campa que surge num planalto, outrora um mimosal, mas que actualmente é vinha. Está isolada. Antropomórfica, de forma rectangular, mas de ângulos suavizados, apresenta uma cabeceira diferenciada do corpo apenas por um ombro, o direito. O leito é bastante plano e evidencia um perfil de ângulos rectos. Tem uma profundidade média de 35 cm.
Na rocha que serve de suporte a este túmulo estão gravadas as seguintes inscrições: uma cruz no lateral direito, junto ao ombro e logo a seguir uma pequena covinha; na zona das pernas aparece insculpida uma nova cruz. No lateral esquerdo está gravado um R, a data 1714 e por baixo desta novamente uma cruz. Trata-se de uma sepultura de adulto.
Nos terrenos não aparecem vestígios arqueológicos de qualquer espécie, porém o arcaz, embora isolado, faz parte do aglomerado de sepulturas que aqui existe. A cerca de 200 metros está o monumento megalítico da Orca dos Padrões.
O acesso a esta sepultura é feito pela estrada municipal de Vila Nova de Espinho a Outeiro de Espinho. Long 7º 46,4235'; Lat 40º 33,2871, Alt 525m. Comprimento: 185cm, Largura: 43. Orientação cardial a 330º.
É um exemplar já referido por L Vasconcellos em 1917, Gomes e Carvalho em 1991, António Tavares em 1999 e por M. Marques em 2000.
Actualmente preparo um trabalho a publicar brevemente onde este exemplar é uma vez mais estudado.

 
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