As mós são um dos vestígios luso-romanos mais abundantes. Surgem frequentemente á superfície, infelizmente nem todas intactas. No Concelho de Mangualde existem vários exemplares. Estes vestígios permitem concluir, obviamente, que o cultivo de cereais era intenso e, para proceder á sua panificação, o homem desde cedo desenvolveu processos tecnológicos de moagem.
Mário Cardozo divide estes primitivos sistemas de moagem em dois grandes grupos, sob o ponto de vista da diferença tecnológica. Assim cabem no primeiro grupo os moinhos de vaivém, de rebolo, ou trituradores neolíticos, que eram compostos por duas pedras, uma grande, fixa, concava, e outra mais pequena que triturava os grãos através do movimento de vaivém já referido. O segundo grupo compreende os moinhos rotativos manuais, de igual forma constituídos por dois elementos, mas agora de igual diâmetro: a mó de baixo-a dormente -, e a de cima, a girante.
É comum aparecerem mais exemplares de mós dormentes que girantes, dado que estas são mais frágeis não só pelo trabalho que desenvolviam, quer pelos buracos cegos que tinham, estando assim sujeitas a partirem com mais facilidade. Os buracos cegos eram, habitualmente, abertos lateralmente, em posição oposta, para permitir o encaixe de manípulos. As dormentes, regra geral são mais simples e em maior número.
Apresento a Mó de Guimarães de Tavares. Encontrada na estação romana daquela aldeia, na Quinta do Costa, aquando da escavação, onde eu participei, e que pôs a descoberto algumas estruturas e algum material: cerâmica diversa, “terra Sigillata”, pesos de tear, ferros oxidados, datáveis dos trê primeiros séculos da nossa Era. Neste momento os materiais e a mó estão sob a custódia da ACAB (Associação Cultural Azurara da Beira).
Trata-se de uma mó dormente, com superfície de moagem com inclinação para os bordos. Lados verticais. Base direita, apenas desbastada. Possui buraco central, regular, tronco-cónico (profundidade: 41 mm). Em granito. Mede de diâmetro 42 cm, com uma altura de 12 cm.
Não tenho foto, segue desenho. Já tenho foto, cedida gentilmente pelo Dr. Pedro Nóbrega.