A "CERCA" de Espinho...que existiu ali?
Onde hoje se implanta a Fábrica de aglomerados de madeira SIAF/SONAE havia uma estação arqueológica, denominada por Cerca. Em 1893 Maximiliano Apolinário visitou o local e referiu, em carta dirigida a Leite Vasconcelos, que o local tinha telhas de rebordo e fragmentos de cerâmica grosseira, bem como uma facha de pedra, presumivelmente de um muro, e outras pedras. Um ano mais tarde L. Vasconcelos faz uma visita ao local e relata o mesmo tipo de achados, bem como outros materiais. Este arqueólogo publica o desenho (foto) e descreve-o: em A está uma pedra, e nesse ponto termina o muro. O espaço contido dentro do muro é levemente elevado, e a elevação representará entulho resultante das ruínas das casas. O nome de “Cerca” provém do muro (A-B). Em C a elevação é menor. As telhas de rebordo, tégulas, tanto aparecem na Cerca como nos campos em roda, que ficam pouco mais ou menos 0,50m abaixo do muro. Para este autor houve ali um povoado romano, isto é, um castro, não muito alto, embora não tenha detectado alicerces de casas, como refere. Pela descrição de M Apolinário à ocupação romana seguiu-se a medieval com a construção de uma estrutura defensiva. Para que terá servido? Há autores que não aventam qualquer hipótese, limitando-se a fazer a descrição do sítio. Pedro Pina Nóbrega é de opinião que, devido ao pouco destaque na paisagem, pela configuração e pelo parco espólio encontrado, e por exemplos de outros sítios, se está perante um recinto de guardar gado da época medieval.
Há pelo menos outro idêntico (quanto à provável finalidade) no Concelho, que tratarei noutro artigo.