NEOARQUEO
02 janeiro 2006
  A "CERCA" de Espinho...que existiu ali?

Onde hoje se implanta a Fábrica de aglomerados de madeira SIAF/SONAE havia uma estação arqueológica, denominada por Cerca. Em 1893 Maximiliano Apolinário visitou o local e referiu, em carta dirigida a Leite Vasconcelos, que o local tinha telhas de rebordo e fragmentos de cerâmica grosseira, bem como uma facha de pedra, presumivelmente de um muro, e outras pedras. Um ano mais tarde L. Vasconcelos faz uma visita ao local e relata o mesmo tipo de achados, bem como outros materiais. Este arqueólogo publica o desenho (foto) e descreve-o: em A está uma pedra, e nesse ponto termina o muro. O espaço contido dentro do muro é levemente elevado, e a elevação representará entulho resultante das ruínas das casas. O nome de “Cerca” provém do muro (A-B). Em C a elevação é menor. As telhas de rebordo, tégulas, tanto aparecem na Cerca como nos campos em roda, que ficam pouco mais ou menos 0,50m abaixo do muro. Para este autor houve ali um povoado romano, isto é, um castro, não muito alto, embora não tenha detectado alicerces de casas, como refere. Pela descrição de M Apolinário à ocupação romana seguiu-se a medieval com a construção de uma estrutura defensiva. Para que terá servido? Há autores que não aventam qualquer hipótese, limitando-se a fazer a descrição do sítio. Pedro Pina Nóbrega é de opinião que, devido ao pouco destaque na paisagem, pela configuração e pelo parco espólio encontrado, e por exemplos de outros sítios, se está perante um recinto de guardar gado da época medieval.
Há pelo menos outro idêntico (quanto à provável finalidade) no Concelho, que tratarei noutro artigo.
 
<$Comentários$>:
Mas no ano de implantação dessa unidade fabril, poderia Mangualde, C.M.Mangualde, ter feito mais por essa estação arqueológica.
Não existem fotos, nem mais nenhum estudo?

É por isso que vamos continuar, sem saber de onde viemos e para onde vamos.
 
Meus caros
Quando a SIAF foi construida não existia qualquer levantamento do Património Arqueológico do concelho de Mangualde. Nem a legislação desse tempo era suficientemente apertada. A Grande Lei do Património do pós 25 de Abril apenas foi publicada em 1985. Por isso cuidado quanto criticamos!
De facto foi uma pena não se ter feito nada na altura.
Quanto às empresas de arqueologia não podemos generalizar. E a Comissão de ética da APA, que oficialmente se chama Comissão Disciplinar, apenas pode actuar na intervenção dos seus associados. Conhecendo bem quem a ela pertence acredito que vá intervir, se o(s) arqueólogo(s) em questão forem associados.
 
É útil este artigo sem o qual não saberíamos este pormenor que, na hora do licenciamento do complexo industrial, poderia hoje fazer toda a diferença.
Contudo não vale a pena entrar em fundamentalismos. Sejamos coerentes: Se não estive lá a fabrica o que estaria lá, então?
Digo isto pela natureza do artigo que revela um achado de somenos importância. E, parece-me, que o autor ao referir a unidade industrial quis, tão somente, dar pontos de referência geográfica.
Concordo com o que disse o meu amigo Pedro Pina Nóbrega.
 
De facto a referência à unidade fabril SIAF foi apenas como referência geográfica.
 
Bem haja Antonio pela divulgacao de algo que ja nao existe, como sempre bem atento, espero que ou menos se faca nos documentos publicados ou a publicar a devida referencia a esse sitio.
 
Para não a ver dúvidas quando digo "De facto foi uma pena não se ter feito nada na altura." Estava a me referir unicamente a um estudo de impacto ambiental e um acompanhamento arqueológico dos trabalhos de construção da unidade fabril. Pois o Património não é nem deve ser utilizado como arma contra do desenvolvimento. Há que pensar muito bem, como refere o JL, no valor do sítio e no valor que a SIAF constituiu para o concelho.
 
Parabéns António...pelo perfume e cheiro da nossa terra...que nos dás nos teus posts....Grande abraço
 
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