NEOARQUEO
29 outubro 2006
  Anta da Cunha Baixa...o ex-libris

Megalitismo é o termo-conceito que diz respeito a construções feitas com grandes pedras. Do grego mega = grande e lithos = pedra. Termo aplicado à Pré-História: fenómeno universal que ocorreu em tempos históricos diversos, relacionado com os monumentos de carácter funerário e/ou religioso.
Na Europa acontece fundamentalmente no Neolítico. Investigações arqueológicas referem que persistiu até à Idade do Bronze, tendo ao nível geográfico uma larga expansão. Os Dólmens ou Antas, Orcas, são os monumentos que caracterizam o megalitismo.
Tipologicamente assiste-se a uma diversidade de construções: as mais simples constituídas apenas pela câmara (esteios verticalmente colocados e cobertos por uma laje) e as mais complexas que evidenciam uma entrada feita através de um corredor de acesso, de dimensões diversas e distintas das câmaras.
Os Dólmens eram cobertos na sua totalidade por terra e pedras soltas formando uma “mama” saliente na paisagem. Daí a designação popular de mamoa.
Dado o espólio que arrecadavam no seu interior eram, além de sepulturas, locais de culto, de religião. No início são sepulcros individuais, para mais tarde serem colectivos. O ritual era a inumação e mais tarde a incineração, guardando-se as cinzas em pequenos vasos cerâmicos. Junto aos corpos colocavam-se objectos de uso diário: lâminas de sílex, pontas de seta, machados de pedra polida; objectos de adorno pessoal: contas de colar, pendentes; objectos votivos: ídolos-placa; peças cerâmicas, e por fim peças em metal. Tudo isto faz do homem pré e proto-histórico um forte crente numa vida para além da morte.
A Anta da Cunha Baixa é um exemplar de enterramento colectivo com corredor longo. Não apresenta mamoa, pois terá sido destruída. Inicialmente estudado por Leite de Vasconcelos, foi em 1987 que Raquel Vilaça e Domingos Cruz encetaram os trabalhos de restauro desta sepultura classificada como Monumento Nacional já desde 1910. Naqueles trabalhos participou, entre outros arqueólogos o autor deste Blog.
As investigações puseram a nu esteios pintados e gravados e os materiais exumados apontam para uma fase tardia de megalitismo na região. A construção data de cerca de 5000 anos e teve uma utilização até tarde, uma vez que os últimos materiais aí depositados são da Idade do Bronze.
Vale a pena visitar este magnífico exemplar agora protegido e que sobreviveu milhares de anos para ser considerado o ex-libris do Concelho de Mangualde.
 
<$Comentários$>:
Viva caro Tavares
Não o conheço e vim parar a este sítio através do Canhesto, do Arca Velha.
Despetou-me a curiosidade, não só pelo tema principal do seu blog, mas também por ser dma terra chamada Cunha Baixa. É que eu sou de Viseu e estive há poucas semanas atrás em Cunha Alta, nas comemorações do Centenário do nascimento do grande pintor José Maria de Almeida. Fomos aqui de Leiria, uma comitiva em representação do "Elos Clube de Leiria" e participámos activamente na sessão solene no Auditório da Biblioteca Municipal de Mangualde. Decerrou-se a lápide a dar nome de rua com o do pintor José Maria de Almeida. Deve ter sabido do acontecimento, concerteza.
Quanto às Antas de Cunha Baixa desconhecia a sua existência.
Enfim cá vamos trocando informações e conhecimentos através dos nossos blogues.
Um grande abraço
António
 
Sem duvida interessante, pois na nossa regiao nao sao muitos os monumentos deste tipo com corredor tao bem conservado.

Uma boa semana.
 
É de tal maneira conhecido, que até já foi escolhido pelo grande Mágico Luís de Matos (ou não fosse ele Matos :) ) para uma das suas grandiosas produções para a televisão. Foi ali enterrado vivo para depois reaparecer vivinho da silva.
També se diz por aí que os acessos ao local são maus... e de facto são, mas eu até acho bem assim. Caso contrário talvez a anta não estivesse tão bem preservada!
Boa semana.
 
Lindo este monumento.
Pena não lhe darem a visibilidade que ele merece.

Abraços
 
Parabéns pelo Artigo.

Já me apeteceu falar sobre ele no Blog da Abrunhosa do Mato por se encontrar na nossa freguesia. Mas, como o Amigo António Luís é a pessoa mais esclarecida para falar sobre o assunto, aguardei ansiosamente velo publicado no NeoArqueo.
É sem duvida o sítio mais apropriado. O seu a seu dono... :-)

Contudo vou pedir-te que completes o artigo que coloquei na Wikipedia sobre ele quando tiveres um bocadinho. Aquilo está muito pobrezinho e para tí basta fazer "copiar-colar".
Para ires directo ao assunto o endereço é o seguinte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anta_de_Cunha_Baixa
Também publiquei por lá umas fotos que tinha mas não as sei associar ao artigo e já não sei onde param. Vê se descobres sff (aquilo parece ser fácil de fazer).

Um abraço
(até sexta-feira ou sábado – a ver se é desta que provo a tua zurpita (carrascão) da pipa de carvalho francês)
 
Xandinho,

Já lá fui fazer o copy paste à Wikipédia, porém não sei como se faz o upload de fotos.
 
Não me canso de visitar a ANTA DA CUNHA BAIXA sempre que vou aí e levo amigos pela primeira vez ás nossas terras levoos a visitar a Anta da Cunha e outras na regiao.

Um Abraço.
 
caro antónio

de facto é um verdadeiro ex-libris que merece a classificação de monumento nacional desde os primórdios destas classificações. muito devido ao empenho de alberto osório de castro e de leite de vasconcellos.

como já aqui foi referido, os acessos são maus. e o espaço em si merecia a devida manutenção desde que foi valorizado.

Existe uma ideia para um caminho alternativo, que poderá ser valorizado com património etnográfico ali existente. Mas não sei se terá pernas para andar!
Isto de o património cultural estar associado à cultura e não ao desenvolvimento tem os seus contras, principalmente nas autarquias!!
 
Já está mais bonito na Wikipédia. Com o teu contributo ficou bem melhor. Referenciei o teu contributo, o artigo ao do teu blog e também já consegui colocar a imagem.
Obrigado
Inté
 
Haja orgulho naquilo que é nosso! Este blogue é um contributo sério à nossa lusitaniedade. Acho...
 
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