NEOARQUEO
03 março 2007
  Sta Marinha romana (Santiago de Cassurrães)

A estrada municipal 1455 liga a localidade de Santiago de Cassurrães a Aldeia Nova, no concelho de Mangualde. Ao passar-se pela Capela de Nossa Senhora de Cervães, logo ao fundo da escadaria, está o que resta de uma via romana, hoje um caminho de terra batida, e, seguindo este traçado, lá mais adiante, a cerca de 1000 metros da Capela, à direita, surge-nos a estação arqueológica, espalhada pelos sucalcos de cultivo.
Aí apareceram, aquando da batida de campo que eu e Luís Filipe Gomes fizemos em 1985 para o "Levantamento Arqueológico do Concelho de Mangualde", diversos materiais que nos apontam a romanização de tal sítio: fragmentos de cerâmica e de construção ( tegulae, imbreces, tijoleiras, etc). Também detectámos fragmentos de cerâmica de uso doméstico, como Dolia, comun e fina. Porém, o interesse acentuou-se com o achado de um pedaço de terra sigillata (cerâmica fina de ir à mesa, correspondente ao que hoje seria uma baixela de luxo). Esta tipo de cerâmica caracteriza-se pela elegância formal das peças, é finamente decorada e chama-se sigillata pois tem o selo, a marca do oleiro. Achar cerâmica deste tipo é importantíssimo, pois permite datar com extrema segurança o sítio, dado o conhecimento exaustivo que existe sobre este material. Ora, o fragmento ali encontrado insere-se na classificação de : hispânica tardia, tratando-se de uma DRAG. 37 decorada com círculos concêntricos e datada do século IV/V d. C. Assim, este sítio arqueológico teve pelo menos ocupação nesta era, podendo a sua fundação ser mais antiga. Pertencentes a esta estação são os pedaços de duas colunas em granito e que se encontram hoje em exposição no adro da Igreja Paroquial de Santiago de Cassurrães. Estes restos de colunas assumem uma dimensão considerável, conforme se pode observar pela foto. Pela riqueza em e dos materias encontrados é natural estar-se perante um importante habitat romano. Como já referimos esta estação situa-se junto à via romana que, vinda de Cassurrães seguia para Abrunhosa-a-Velha, aliás ainda se pode observar um diminuto troço lageado.
 
<$Comentários$>:
No inicio do caminho que vai para santa marinha existem umas alminhas que forem feitas num fuste de coluna ou num antigo marco miliário.
 
Nao foi dessa "via" que foram encontrados alguns marcos miliarios?

Um abraco d'Algodres.
 
caro amigo tsfm
Ainda que mal pergunte: essas relíquias, testemunhas indeléveis dum passado a preservar a todo o custo, digo eu, está sob a custódia de alguma entidade? Está devidamente resguaradado de actos de vandalismo e roubo?
Quantos vestígios de interesse histórico/arqueológico não se terão perdido ao longo dos últimos tempos!?
Um abraço
António
 
ASN, no que diz respeito aos materiais eles estão devidamente acautelados. Os fustes de colunas estão no adro da Igreja e dificilmente poderão ser roubados dada a dimensão destes; por outro lado A Igreja é "vigiada" pela povoação. Quanto aos materiais cerâmicos estão à guarda de uma Associação Cultural. Para já estes não correm perigo, Outros haverá que não têm a mesma sorte, infelizmente.
 
Uma achega mais generalista para o asn.
A actual lei de bases do património cultural, lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, define o património arqueológico como património nacional e define regras concretas sobre este tipo de vestigios.
 
Em alguns dos dias desses anos já longinquos, eu também por lá andei a ajudar o Luís, o Bé e os outros, não sabia é que nos outros também lá estava o amigo Tavares.
A minha avó (que Deus tem) tinha uma quinta nessa zona que dava belos marmelos (mais acima junto à estrada, no alto) e todos por aqui designam aquele lugar de "Santa Maria".
Abraço
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Caros amigos
Obrigado pelas vossas observações. A verdade é que, às vezes, dá a sensação que existem vestígios importantes de hábitos e gentes antigas, que seria de preservar e que parece que estão ao abandono. Além disso, com a força bruta de certas maquinetas que por aí há, já não digo nada.
Esperemos que as pessoas em geral se sensibilzem para a necessidade de preservarmos o nosso património urbanístico, arquitectónico e cultural.
Um grande abraço
António
 
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