NEOARQUEO
20 janeiro 2011
  Viagens na terra deles...

Apetece-me escrever sobre sítios onde já estive e, por incrível que pareça, sobre sítios onde nunca estive… fisicamente. E digo justamente desta forma, pois em espírito consigo descrever as sensações, os cheiros, as emoções, o pulsar, o calor, o frio, a humidade, as cumplicidades, as amizades, as brincadeiras, as saudades, as recordações, as presenças, as ausências de quem em sítios longínquos viveu por longos anos.
Refiro-me aos remotos locais de Angola. Digo remotos, pois Caringo, Fende, Gungue, Chirengo, Mundinda, Sacambuta, Sanjanja, etc, etc, etc, quem conhece???
Luanda, Huambo (ex-Nova Lisboa) são conhecidas por todos nós, da maioria de quem me lê por ouvir falar e nunca lá ter estado. É o que me acontece a mim quando cito os nomes que atrás referi: não conheço tais locais…fisicamente…Conheço sim muitas pessoas que por lá construíram uma vida cheia de sonhos, ilusões, pretensões…
Quase que descrevo as curvas, as subidas das picadas que ligavam os vários Kimbos. De tanto ouvir, com agrado, os contadores das histórias, as aventuras que muitas vezes eram apenas uma simples ida de camião de uma aldeia a outra para comprar milho aos locais, para vender bens que estes precisavam para o seu dia a dia…
Quase que vejo a poeira que se formava, inevitavelmente, atrás destes veículos, que quando teimavam em avariar era um caso sério…
Quase que sinto o cheiro da terra após as chuvadas intensas, tropicais, daquelas paragens. Quase que sinto o cacimbo que levemente se instalava com o cair da noite.
Quase que ouço o riso das crianças, o falar alto dos clientes do meu sogro, o tagarelar das mulheres que, no meio dos milheirais, cultivavam o cereal ou espantavam uma ou outra vaca para não danificar a cultura…quase…
Quase que conheço os segredos das tardes quentes e lânguidas dos domingos que, na sombra reconfortante, na companhia dos familiares e amigos, eram contados como histórias, por vezes hilariantes e que apenas ficavam na memória de quem as ouvia…

PS Este Post foi transferido para data posterior por questões técnicas.


 
<$Comentários$>:
Olá Compadre

A mente humana é fantástica... consegue descrever ao pormenor locais que os olhos nunca viram...

Gostei... acima de tudo porque deixas-te aqui uma merecida Homenagem a teu sogro e Amigo Jose Maria...

Um Grande Abraço da Alemanha.

Zé Marques
 
Apesar de ter regressado de Angola com apenas 10 anos de idade, tive o prazer de conhecer alguns desses sítios que citas. Essas pessoas, sensações, cheiros e cores que aqui descreves – recordo-os aqui com saudade.
Também tenho algumas fotos destes e outros Abrunhosenses, que, em alguns fins-de-semana, se juntavam para conviver. Recordo-me dos passeios ao Caringo, da estrada Huambo-Caála com uma recta de 20km às ondinhas que se fazia de prego quase a fundo. Também, das poeirentas picadas onde se caçavam as perdizes que se atravessavam à frente da janela do jipe. Das estreitas pontes de madeira onde mal cabiam os rodados, das caçadas nocturnas, dos “atascansos” nos sítios húmidos das picadas ou dos dias de chuva, das ribombar continuo e interminável das trovoadas, etc…
Confesso que gostava de lá voltar para poder sentir de novo essas sensações que tu, por simpatia, já quase interiorizastes por completo e aqui nos descreves. Penso que vale a pena. Nem que seja só para ver um breve pôr de sol em tons avermelhados. É lindo…
Por enquanto, e para matar saudades, de quando em vez, uso o Google Earth para visualizar com alguns destes sítios por onde andei durante a tenra infância.

Um abraço para tí e todos os retractados da foto.
Também faço minhas as palavras do Zé Marques (a quem aproveito para saudar com um abraço) “Gostei... acima de tudo porque deixas-te aqui uma merecida Homenagem a teu sogro e Amigo José Maria...”
 
A esses toponimos queria acrescentar: Quilenda, Quirimbo Assango, Conda, Mussende, Amboim, Gabela, Conde, Ebo, Quibala, etc, etc,......, que eu palmilhei por dez anos!!!

Caramba as vezes quero esquecer, mas nao posso!

Um abraco
 
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