De novo por Terras de Santiago de Cassurrães
Em terras de Freguesia de Santiago de Cassurrães, na zona da Serra da Baralha, sensivelmente a meio, poderá ter existido ocupação humana remota.
Confirmando tal afirmação estão os abundantes vestígios encontrados por mim e pelo meu companheiro de batida de campo, Luís Filipe Gomes, em 1985. De facto, pelos materiais encontrados: Tegulae, imbreces, tijoleiras, (materiais de construção tipicamente romanos), cerâmica comum, restos de dolia (grandes potes cerâmicos para o armazenamento de cereais e outros haveres, idênticos às nossas “talhas”), bem como restos de escória de ferro, poder-se-á afirmar, embora sem a certeza que apenas nos é dada pela escavação arqueológica, ali ter existido um sítio romano.
Estes achados de superfície podem supor que tal sítio pode ter sido uma oficina de exploração e transformação de granitos, e/ou também de ferramentas metálicas e que serviria para abastecer o povoado romano ali existente, o de Santiago de Cassurrães e outros povoados das redondezas, naturalmente.
Algum tempo antes, Luís Filipe Gomes, tinha já encontrado, nas proximidades, uma ponta de seta em sílex (ver gravura da autoria do Dr Nunes Pinto). Este artefacto é tipicamente pré-histórico e não se insere no contexto histórico referido. Mas a sua presença atesta que esta zona é já palco de ocupação humana desde os tempos mais recônditos da memória da História.
Nas proximidades existe também o denominado “penedo dos mouros”. E o que é este penedo dos mouros? Bem, na realidade trata-se de um afloramento granítico, natural, e de dimensões extraordinariamente volumosas. Tem, no entanto uma configuração deveras interessante: em forma de U, ou de ferradura, se quisermos. O seu espaço interior fica assim livre e a um dos lados verificava-se a presença de restos de um muro, como que a completar o espaço.
Naturalmente que este espaço terá funcionado ao longo dos tempos como abrigo de pastores, mas a sua “construção” e utilização terá tido origem num período bastante longínquo. É também provável que a sua utilização tenha sido a de guarda, de vigia, ou outra bem mais banal.
Mais uma vez surgem as questões cujas respostas se obtêm apenas com escavações arqueológicas.
Mas, o mais importante, na maioria das vezes, é notificar a existência destes locais e “construir” , assim, uma base de dados para que futuros investigadores, no desenvolvimento de alguma tese, a possa utilizar a avançar nas suas explicações.