Por Terras de Travanca de Tavares
Travanca de Tavares é uma das várias freguesias do nosso concelho. Fica no denominado “alto concelho”, na margem esquerda do rio Ludares.
Travanca, em princípio, deriva do latim “trabanca” que significa floresta cerrada, de árvores troncosas. Quanto a Tavares é do conhecimento de todos que na Idade Média aquelas terras do alto concelho eram as “terras de Tavares”.
Historicamente Travanca de Tavares teve ocupação humana desde tempos remotos. Os vestígios pré e proto-históricos são desconhecidos ou escassos, pese embora em consultas bibliográficas sejam já referidos vestígios da cultura castreja, isto é: povoados dos povos que antecederam os romanos, provavelmente da grande tribo dos “lusitanos”.
Alerto para o facto de neste momento estar a utilizar o termo “lusitanos” de uma forma lata e sem o rigor histórico-arqueológico exigido, pois este texto não é definitivamente um artigo para pares, mas destina-se sobretudo a quem da sua terra um pouco mais quer saber. Mas, o facto de não serem conhecidos vestígios destas remotas épocas não implica, de todo, que o território geográfico desta freguesia não tenha “conhecido” homens de épocas remotas.
Mas, na época romana, a paisagem das terras de Travanca de Tavares era composta por alguns aglomerados daquele período histórico.
Assim, em Travanca de Baixo, no Casal e na Quinta da Caniçada registam-se alguns desses vestígios que atestam a presença da romanização destas paragens.
Começando pelo primeiro lugar, nos terrenos de um antigo solar, hoje em ruínas, junto à Igreja de São Salvador são vários os fragmentos de cerâmica de construção e doméstica. São visíveis, inclusivamente, alguns elementos arquitectónicos que foram reutilizados na construção do referido solar e em seu redor: fustes de colunas, uma cornija e pedras almofadadas.
No Casal foi referido pelo meu colega e amigo Dr. Luís Filipe Coutinho, o aparecimento de telhas romanas e uma mó manuária. Também diversos materiais cerâmicos de construção romana foram referidos na Quinta da Caniçada.
Estes vestígios provam, inequivocamente, a presença da ocupação romana nestas paragens. A paisagem da época deveria constituir-se por uma Quinta e diversos casais á sua volta. A terra, a agricultura, terão sido, certamente, o ponto fulcral da atracção das pessoas de então.
É importante referir, também, a existência de um sarcófago de granito no adro da Igreja. Este túmulo foi descoberto aquando da construção do muro que define o recinto religioso. Trata-se de um arcaz apresentando interiormente a forma antropomórfica, destinado a um adulto, tendo em conta as dimensões que exibe. A medievalidade de Travanca está aqui bem patente.
Podemos então, à guisa de conclusão, afirmar que Travanca de Tavares teve ocupação humana desde pelo menos tempos romanos, prolongando-se pela Idade Média e continuando até aos dias de hoje.