Cova da Moira...Vila Nova de Espinho
As sepulturas escavadas na rocha são um dos testemunhos mais importantes da ocupação medieval dos territórios. Muitas vezes o único. Estes monumentos que se aceita serem da Alta Idade Média (séc VI a XI) são frequentes em toda a Beira Alta. Foi depois dos trabalhos de Alberto del Castillo que a problemática da cronologia deste tipo de sepulcros ficou definida. Para este autor existem grosso modo duas grandes fases de construção: séc VI a IX, onde predominam as sepulturas de tipologia oval e/ou rectangular. A fase mais tardia é típica do século X ao XI e está-se perante exemplares antropomórficos. É no século IX que se dá a transição da primeira para a segunda época, com o aparecimento da delimitação da cabeça. Hoje os trabalhos versando este tipo de arcazes inicidem sobretudo na aferição de formas de povoamento, da ocupação humana dos territórios, mentalidades e rituais funerários do homem alto-medievo.
Hoje gostaria de falar um pouco da sepultura que se encontra numa das vinhas da Quinta dos Carvalhais, da Sogrape, em Vila Nova de Espinho:
A estação é composta por uma campa que surge num planalto, outrora um mimosal, mas que actualmente é vinha. Está isolada. Antropomórfica, de forma rectangular, mas de ângulos suavizados, apresenta uma cabeceira diferenciada do corpo apenas por um ombro, o direito. O leito é bastante plano e evidencia um perfil de ângulos rectos. Tem uma profundidade média de 35 cm.
Na rocha que serve de suporte a este túmulo estão gravadas as seguintes inscrições: uma cruz no lateral direito, junto ao ombro e logo a seguir uma pequena covinha; na zona das pernas aparece insculpida uma nova cruz. No lateral esquerdo está gravado um R, a data 1714 e por baixo desta novamente uma cruz. Trata-se de uma sepultura de adulto.
Nos terrenos não aparecem vestígios arqueológicos de qualquer espécie, porém o arcaz, embora isolado, faz parte do aglomerado de sepulturas que aqui existe. A cerca de 200 metros está o monumento megalítico da Orca dos Padrões.
O acesso a esta sepultura é feito pela estrada municipal de Vila Nova de Espinho a Outeiro de Espinho. Long 7º 46,4235'; Lat 40º 33,2871, Alt 525m. Comprimento: 185cm, Largura: 43. Orientação cardial a 330º.
É um exemplar já referido por L Vasconcellos em 1917, Gomes e Carvalho em 1991, António Tavares em 1999 e por M. Marques em 2000.
Actualmente preparo um trabalho a publicar brevemente onde este exemplar é uma vez mais estudado.