Portugal esqueceu-se???
O ano de 2007 fechou e em Portugal nem se falou da fuga da Corte Portuguesa para o Brasil, como resposta à Invasão das tropas Napoleónicas, que aconteceu em 1807. É verdade... Junot ainda viu ao longe os navios que, zarpando do Tejo, haveriam de chegar a Terras que outrora foram de Santa Maria.
Foi esta a solução encontrada pelo Príncipe Regente e pelo Conselho de Estado, devidamente aconselhados pela Real Corte Inglesa, à proposta "interessante" que Napoleão encontrara para vincular Portugal ao Bloqueio Continental, decretado em 1806, em Berlim, "obrigando" a Europa a debilitar e a isolar a Inglaterra.
Mas, se em 1807 se deu a Invasão de Portugal, no ano seguinte houve por parte da Espanha, que entretanto "deixara" entrar o "IMPÉRIO" para a Península, e se viu governada por uma nova ordem política, nada mais nada menos que um dos irmãos de Napoleão; dizia eu que, em 1808 aconteceu em Madrid a primeira revolta contra os franceses, facto que terá originado a resistência espanhola face a Bonaparte e que mais tarde é acompanhada nesta façanha pelos portugueses.
Bem...é sabido que as Nações preferem esquecer os maus momentos, com o intuito de que sejam olvidados da memória colectiva, como quem varre o lixo para debaixo do tapete...Como tal, é "compreensível" que não comemorem esses acontecimentos. São opções...discutíveis, no meu ponto de vista, pois a Histófria é para ser contada na sua vertente global, e não deve nunca "servir", de forma velada ou não, os interesses dos políticos. Quando assim aconteceu os danos foram sempre desastrosos...É o que a História se tem encarregado de nos lembrar...
Na minha perspectiva, as Invasões Francesas são matéria que quase não entra no curriculum escolar dos alunos das nossas escolas. E se entra, é à pressa, desajeitadamente, como se esse período não tivesse sido de uma importância capital para o "desenvolvimento" que Portugal teve que enfrentar, no período Post Invasão, na sua reorganização política, social, económica, clerical, etc...
Mas...se a crítica que aqui é tecida à forma como NÃO se comemoram as Invasãoes Napoleónicas neste país, penso, e notem que digo penso, pois não tenho a certeza, mas, penso que Portugal também não vai aproveitar para comemorar a Resistência que ofereceu às sempre superiores tropas francesas.
Ora, aqui ao lado, na vizinha Espanha, vão-se comemorar os 200 anos das Invasões Francesas, naturalmente que ali também se vai cair na tentação de enaltecer sobretudo a Resistência e a reposição do trono espanhol.
Mas...a Espanha vai comemorar...essa é que é essa...
Basta ir ali à muralhada Ciudad Rodrigo e tudo já está em marcha: a mentalidade dos populares já pensa nisso, os cartazes espalhados nos sítios apropriados já isso reflectem, os teatros, os auditórios já se enchem com concertos, peças, filmes documentais sobre a Guerra Peninsular. Um dos Museus locais (Palacio de los Águila, na calle Juán Arias, nº 2) já tem patente uma soberba exposição sobre o facto.
Mais...pela cidade de Ciudad Rodrigo pode ver-se e pegar-se num pequeno livrinho cujo título é "Ciudad Rodrigo - Sitio Napoleónico". Pois bem, este pequeno mas eficaz prospecto faz parte de uma colecção denominada " SITIOS NAPOLEÓNICOS DE ESPAÑA Y PORTUGAL".
Na realidade não faz falta que em Portugal, que em Almeida se comemore o que quer que seja. Não faz falta falar na lendária batalha do Bussaco. Com uma política assim Portugal poupa dinheiro...mas enfraquece o espírito. Com uma POLÍTICA assim Espanha investe num bem precioso: a cultura e a memória gloriosa, não de dois países, mas sobretudo de "um povo".
Razão não terá Saramago quando, para escândalo provinciano e pacóvio de muitos, sugere uma Nação Ibérica?
Pessoalmente prefiro uma "jangada de pedra" Ibérica que a fesfaçatez do continua e orgulhosamente sós...e sem nada fazer que Portugal teima em manter.
PS Este Post foi transferido para data posterior por questões técnicas.