O Abstracionismo
Começou com Kandinsky, o abstraccionismo efectiva-se como o rompimento com a realidade e o fomento dos pensamentos, inspirações e sentimentos dos artistas.
Numa fase inicial, esta vanguarda artística que se desenvolveu em 1910, é proclamada de abstraccionismo sensível ou lírico porque acreditava-se que nem sempre o tema é o mais relevante numa obra. As cores, as formas ao reproduzirem imagens figurativas perdem muita da sua expressividade que por si só possuem. Assim, as formas deixaram de ser figurativas para passarem a ser abstractas como forma de devolver às cores a simbologia e interpretação que cada um de nós lhes queira dar. Superando assim o campo de reacções e sugestões possíveis que o figurativo transmite, Kandinsky defendia que o abstracto abria a porta à imaginação, à crítica, à subjectividade e individualidade de cada um, porque afinal, a arte é uma linguagem universal!
Por outras palavras, as abstracções de forma e de cor, tal como a música despertam sensações directamente na alma.
Portanto, as formas, as linhas, as cores, substituem figuras, afirmando-se assim uma linguagem não figurativa, desenvolve-se uma vertente filosófica associada a este tipo de expressão, na medida em que se exclui o materialismo em detrimento da pura essência das coisas.
Em Improvisação 26 pode-se observar a explosão gritante das cores, que cada um de nós pode interpretar conforme a emoção e sensações que nos vai suscitando, cores fortes dançam, linhas correm, relevos sensuais movem-se, à vida na tela!
Kandinsky afirma em Do Espiritual na Arte, 1912, que “Uma obra de arte é constituída por dois elementos: o interior e o exterior. O interior é a emoção na alma do artista; essa emoção tem a capacidade de provocar uma emoção semelhante no observador […] O elemento interno deve existir; caso contrário a obra de arte é uma impostura. O elemento interno determina a forma da obra de arte.”
A função da arte, segundo esta vertente artística, seria para lá da realidade, o seu carácter profundamente platónico, desprendido dos bens materiais dando grande relevo aos instintos e emoções. A arte seria a forma privilegiada, à feição da música, de universalizar uma linguagem, partindo de um teor subjectivo que abre portas ao individualismo do intérprete, torna-se uma dialéctica capaz de superar, assim, as diferenças intelectuais e culturais do espectador, pondo-os no pedestal mais alto, o da igualdade!
Mafalda Tavares
PS. Este Post foi transferido para data posterior em publicação neste Blog por questões técnicas.